O despertador é um objeto abjeto.
Nele mora o Tempo.
O Tempo não pode viver sem nós,para não parar.
E todas as manhãs nos chama freneticamentecomo um velho paralítico a tocar a campainha atroz.
Nós
É que vamos empurrando,dia-a-dia,sua cadeira de rodas.
Nós, os seus escravos.
Só os poetas os amantes os bêbados podem fugir por instante são
Velho...Mas que raiva impotente dá no Velho quando encontra crianças a brincar de roda e não há outro jeito senão desviar delas sua cadeira de rodas!
Porque elas, simplesmente, o ignoram...
Mário Quintana
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